O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apontou a “precarização do trabalho” como causa do acidente que matou nove pessoas e feriu outras oito, durante a noite de ontem no acampamento Terra de Liberdade, na Palmares II, em Parauapebas. Durante a entrevista coletiva, quem falou pelo movimento foram os dirigentes nacionais Pablo Neri e Beatriz Luz.
Segundo Pablo, houve “falta de segurança durante a instalação da rede de internet, sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) e obediência às normas de segurança do trabalho”, fator que ele atribuiu ao “processo de precarização do trabalho”. O dirigente da entidade negou ainda que a causa do incêndio tenha sido um curto-circuito ou a explosão de um transformador, lamentando a morte dos três trabalhadores da empresa que faziam a instalação de Internet no acampamento.
Ele narrou que os trabalhadores da empresa de internet chegaram ao acampamento por volta do meio-dia e começaram as instalações em um serviço que se alongou até a noite.
“Quando instalavam o último ponto de internet, uma antena que estava sendo montada no local entrou em contato com um fio de alta tensão do local, de forma que a descarga elétrica se espalhou rapidamente pelo local por meio de uma cerca de arame. Dessa forma, um incêndio teve início e atingiu alguns barracos próximos do local; dois deles acabaram destruídos”, relatou.
Beatriz Luz, por sua vez, reforçou a posição de Pablo e destacou que famílias no local “insistiram que os trabalhadores encerrassem as atividades aquele dia e finalizassem em outra ocasião, devido às condições de trabalho desfavoráveis, sobretudo por conta do horário”. Assim que ocorreu o acidente, disse ela, o acampamento ficou sem energia, dificultando o trabalho de socorro no local.
“Estivemos num processo de busca dos feridos em uma condição completamente desfavorável. Houveram diversas informações desencontradas”, afirmou Beatriz em referência aos números de óbitos, que veicularam em números variados na mídia – chegando a ser noticiadas 18 mortes no local.
Ela falou sobre a necessidade da mobilização do estado, nas esferas municipal, estadual e federal, na assistência às famílias, afirmando que o acidente” não desmobilizará o movimento na luta pela terra e que a comunidade receberá acolhimento e solidariedade do MST”. No acampamento Palmares vivem cerca de 2 mil famílias.
Por fim, o MST informou que oito pessoas foram internadas e sete delas já liberadas, com uma permanecendo no hospital com queimaduras de segundo grau. O Instituto Médico Legal (IML) confirmou que os corpos de nove pessoas vítimas do acidente deram entrada, com oito deles identificados até o momento.
Dos nove mortos, oito foram identificados até agora, segundo o MST: Eva Maria da Conceição Silva, Fernanda Sousa de Almeida, Francisco De Assis Pereira Rodrigues, Francisco Ferreira, Francisco Nascimento de Sousa Júnior, Gabriel Pereira da Silva, Geovane Pereira dos Santos e Jovenilson Aragão Trindade. (Do Ver-o-Fato, com informações do Correio de Carajás)
