O novo comandante das forças terrestres da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Pakpour, fez uma ameaça direta a Israel nesta sexta-feira (13/6), prometendo “as portas do inferno” e “consequências destruidoras” em retaliação a ataques contra território iraniano. Pakpour substitui Hossein Salami, que foi morto em um ataque israelense. 1l2h
“O regime sionista, criminoso e ilegítimo, enfrentará um destino amargo e doloroso, com consequências imensas e devastadoras”, declarou Pakpour, segundo a agência estatal Irna. “As portas do inferno em breve se abrirão para esse regime”, acrescentou ele.
A ameaça ocorre após um ataque israelense contra o Irã na mesma sexta-feira, marcado como o desfecho de uma escalada de tensões que já dura quase duas décadas. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, vinha fazendo ameaças contra o Irã há anos, mesmo sob o risco de irritar os Estados Unidos, seu principal aliado.
Curiosamente, o ataque acontece às vésperas de uma reunião prevista entre representantes dos EUA e do Irã em Omã, agendada para o domingo seguinte, com o objetivo de avançar em um acordo sobre o programa nuclear iraniano.
“Estamos bem próximos de um bom acordo”, declarou na quinta-feira o ex-presidente Donald Trump, acrescentando sobre os israelenses: “Não quero que eles interfiram, porque isso arruinaria tudo”.
Apesar dos alertas, Netanyahu, crítico declarado das negociações entre Teerã e Washington, seguiu adiante com a ofensiva. Ainda assim, o especialista Menahem Merhavy, da Universidade Hebraica de Jerusalém, levantou dúvidas sobre a autonomia de Israel na decisão: “Duvido que Israel tivesse agido se os Estados Unidos tivessem dito um não claro”.
Merhavy ainda cogita a existência de um possível acordo implícito entre os dois países aliados: “Talvez tenha havido um acordo do tipo: vocês negociam, e nós atacamos”. Segundo ele, “o momento faz sentido, já que Israel vem desgastando o Irã há um ano e meio”, em referência às operações militares israelenses contra forças ligadas a Teerã desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, após o ataque do movimento palestino Hamas, apoiado pelo Irã.
A postura de Netanyahu em relação ao Irã, no entanto, é anterior ao atual conflito. Em dezembro de 2005, após as declarações do então presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad — que defendeu “riscar Israel do mapa” —, Netanyahu, na época na oposição, já alertava que o programa nuclear iraniano representava “uma grave ameaça ao futuro” de Israel. Na ocasião, ele afirmava que o país deveria “fazer tudo o que for necessário para impedir o Irã” de obter armas atômicas, inclusive com ataques militares.
Do Ver-o-Fato, com informações do GazetaWeb